segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O boleiro escritor


Desde que o futebol se popularizou no mundo levando a campo atletas de todas as classes sociais, especialmente aqueles dos níveis mais baixos, criou-se a máxima de que o jogador não tem cultura, não sabe falar e, muito menos escrever.

A mídia que sempre vendeu esta imagem muitas vezes quebra a cara quando percebe que, ao deixar os campos, muitos dos  ‘analfabetos’ letrados em bola conseguem ter sucesso como políticos, escritores ou comentaristas. Vide o exemplo de Romário como deputado, de Falcão como comentarista de TV e Tostão como cronista de jornal, só para citar alguns.

Zagueiro corintiano se destaca na literatura também

Entretanto, como tudo muda e ‘toda unanimidade é burra’, como diria Nelson Rodrigues nos surpreendemos quando boleiros mostram que são mais que peões da bola.

O zagueiro Paulo André, do Corinthians, é um bom exemplo disso. Culto, difere a imagem imposta pela imprensa, e conseguiu sucesso também fora das quatro linhas ao lançar no ano passado o livro “O jogo da minha vida”, uma obra que traz ao leitor e fã de futebol uma visão sobre a dura caminhada dos jovens rumos a um lugar ao sol no competitivo mundo da bola.

Além de bem escrito, o Paulo André escritor apresenta uma linguagem fácil e interessante, tornando a leitura prazerosa e esclarecedora, desmitificando a ideia do luxo que rodeia a vida dos grandes astros dos gramados. Não é fácil chegar a um grande clube. É preciso comer muita poeira e ralar muito para chegar até lá, driblando as adversidades e o desânimo, deixando pelo caminho alguns futuros Ronaldos, Pelés e Garrinchas.

Passado um ano, Paulo André surpreende novamente ao relatar em seu blog e na edição de janeiro da revista da ESPN, no texto "Cartas de Yokohama", os bastidores do Mundial de Clubes da Fifa com uma riqueza de detalhes que leva o torcedor de volta àqueles dias de tensão, alegria e felicidade.

Mesmo sem ser torcedor do Corinthians, campeão do mundo, não há como não se envolver no texto delicado e emocionante do boleiro que virou escritor.  Se Paulo André pensa no que fazer quando deixar os campos, pode ser que as letras o levem a uma nova aventura (junto com a pintura, sua outra paixão). Leia o texto "Cartas de Yokohama" aqui


P.S. A blogueira confessa que chorou ao ler o texto nas três vezes!


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