terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Memória apagada

O boxe já foi uma paixão mundial. Hoje, quem domina o cenário das lutas é o MMA e, nas Olimpíadas, o judô – que também só é lembrado de quatro em quatro anos.


Durante o fim da década de 1980 e início dos anos 1990, o pugilista brasileiro José Adilson Rodrigues dos Santos, ou Maguila, foi o grande nome nacional nos ringues.

Maguila foi grande do boxe nacional nos anos 1990

Talvez, a empolgação em relação a ele estivesse bem mais ligada aos interesses econômicos do narrador Luciano do Valle que, através de sua empresa – Luqui, enaltecia as qualidades do pugilista, sem apontar sua fragilidade técnica em alguns momentos.

No entanto, o que não podemos negar é que, por muito tempo, Maguila foi o representante brasileiro nos ringues. E, apesar de todas as críticas ao seu estilo de luta, ele tem um cartel vitorioso (85 lutas, 77 vitórias, 7 derrotas e 61 nocautes) e predominou o ranking do boxe sul-americano, sem contar que sempre esteve bem colocado na listagem mundial.

Além disso, se fosse tão frágil, jamais teria conseguido lutar contra nomes de peso como Evander Holyfield e Geroge Foreman. Claro que ele não venceu, mas os pugilistas americanos não aceitariam uma luta inválida àquela altura de suas carreiras.

Durante minha adolescência passei muitas madrugadas esperando Maguila lutar, como faço hoje ao aguardar os combates de Anderson Silva, Cigano, José Aldo e outros. Aprendi a amar a luta por sua plástica e beleza e, mais que tudo, a respeitar os caras ali no ringue.

Agora, Maguila luta contra o Alzheimer. Entristece ver que o atleta contestado hoje sofra com uma doença que, pouco a pouco, vai apagar sua memória, levando consigo o que de mais valioso alguém pode ter: sua alma.

Não sei se a Confederação Brasileira de Boxe está prestando o auxílio necessário a Maguila, embora tenha certeza de que isso deveria ocorrer por tudo o que ele fez pelo esporte em seu auge.

Mas, o que realmente incomoda é saber que Maguila só aparecerá nos noticiários em razão de seu drama. Aos poucos, tal qual suas lembranças, sua memória no esporte será apagada, como se ele tivesse sido apenas mais um. E vamos nos esquecer não só do atleta, mas também do homem.

Ver Maguila se apagar assim é triste. Mais triste mesmo é saber que aquele cara no jornal de hoje um dia foi manchete. Agora é apenas uma nota de rodapé.


Assista  luta histórica entre Maguila e Andre Van Den Oetelaa:




P.S. A blogueira também foi (é) fã de Acelino Popó Freitas, só pra constar!

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