quinta-feira, 13 de junho de 2013

Carta aberta à presidenta Dilma!

Cara presidenta Dilma Rousseff

Tenho um orgulho danado em ter ajudado a elegê-la com meu singelo voto. Porque você militou com diversos amigos meus, sei que comeu o pão que o diabo amassou nas mãos da ditadura em uma luta que me proporcionou viver hoje em uma "democracia".

Fiquei emocinadíssima quando a ouvi dizer que preferia "o barulho da imprensa ao silência da ditadura", pois acho que em um estado democrático todos têm o direito de se expressar, mesmo que seja contra aquilo que pensamos ou acreditamos.

Polícia preparando cerco aos manifestantes
Vejo como meu país mudou para melhor após o governo Lula e o seu. Consigo enxergar as mudanças, embora falte muita coisa a ser feita. Mas um dia chegamos lá.

Agora me admira que a senhora, que lutou e sabe o peso da repressão, não venha a pública se manifestar a favor dos protestantes, estes que estão nas ruas sendo massacrados pela Polícia Militar, essa mesmo que aprendeu nos porões da ditadura a prender, matar e torturar.

É inadmissível que o seu partido, do chamado Partido dos Trabalhadores, se omita em um momento desses. Vocês nos ensinaram a lutar por nossos direitos e como podem agora, quando lutamos por tarifas justas no transporte público se calam?

Não é possível que tal como os tucanos vão nos tachar de baderneiros, vândalos ou coisas do tipo?!

Eu não tinha participado de nenhuma das manifestações até hoje (13). Para minha surpresa, o protesto passou próximo a redação na qual trabalho e desci para apoiar o movimento. Tudo caminhava bem. As pessoas gritavam suas palavras de ordem, entregavam flores para os transeuntes, em ordem, numa boa....até que a polícia, pelas costas, começou a atirar bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. Consegui fugir e retornar ao prédios. Mas quem não conseguiu?

Alguns colegas da imprensa estão feridos, sem contar os outros que devem estar sangrando pelas ruas de São Paulo.

Se vivemos em uma democracia, porque vocês, comandantes do país, do estado e do município não dialogam com o povo? Nós os colocamos aí nesses postos através do voto e pedimos apenas que vejam que não dá mais para pagar tão caro por um serviço de péssima qualidade.

Espero que seu passado faça com que veja que nossa luta é justa e que não podemos ser reprimidos como nos anos de chumbo. Essa é a minha esperança. Agora é com a senhora, presidenta!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Futebol é mais que bola rolando ... Provam os rebeldes

Na noite da última quinta-feira (6/6), ocorreu a abertura do Cinefoot, festival de cinema de futebol, no Museu do Futebol, em São Paulo. Um prato cheio para quem ama filmes sobre o esporte.
 
No entanto, além de iniciar o evento com um filme sensacional "Os Rebeldes do Futebol", dos franceses Gilles Peres e Gilles Rof, houve uma emocionante homenagem ao Dr. Sócrates.



Juca Kfouri, Carlos Caszely, Wladimir e Raí 

Você não precisa ser corintiano para admirar o Magrão. Até porque, ele foi parte da alma da inesquecível Seleção de 82. Só por isso basta. Entretanto, Sócrates fez  parte do movimento mais político do futebol brasileiro, encabeçando a Democracia Corinthiana que, como diz a jornalista Marília Gabriela, foi o momento em que "o futebol ficou inteligente".

O brasileiro é um dos personagens do filme da noite. E é daqueles que recomendo assistir, porque ali você vê como outros quatro jogadores de futebol usaram sua influência para movimentar o torcedor para as questões políticas em seus países.

A película mostra como o chileno Carlos Caszely, o marfinense Didier Drogba, o argelino Rached Mekhjouf e o bósnio Pedrag Pasic mudaram a história, provando, algo que sempre digo aqui, que política e futebol se entrelaçam tão seriamente que seria necessário criar uma disciplina para entender a força do esporte!

Todos os casos são emocionantes, mas o de Caszely, que esteve presente na abertura do festival em São Paulo, é um dos mais tocantes. Para quem não sabe, ele foi o único jogador da Seleção chilena que se negou a apertar a mão do ditador Augusto Pinochet antes do embarque para a Copa de 74. Em razão disso, a ditadura prendeu e torturou sua mãe, como uma forma de dar um recado para que o jogador não se pronunciasse mais contra o regime.

É tocante ver o relato da mãe do jogador que, posteriomente, ajudou o povo chileno a votar contra a continuidade de Pinochet em um plebiscito.

Não vou contar todas as histórias aqui. Só queria despertar em vocês a vontade de assistir o filme e refletir como o futebol pode ser uma importante arma para lutas sociais. É só saber mobilizar. Mas será que temos ainda em nossos gramados rebeldes como Sócrates, Drogba, Caszely, Mekhjouf e Pasic? Talvez, o último dos moicanos tenha sido romário, que hoje em outras esferas luta por mudanças!

No fundo, meu temor é que tenhamos apenas alienados com cabelos moicano, golas levantadas e fazendo dancinhas sem o menor sentido! 




Veja a programação do Cinefoot nas capitas das Copas das Confederações aqui

P.S. Quem puder, assista na próxima segunda (10/6), o documentário "Memórias do chumbo: o futebol nos tempos do Condor". Além de ter ganhado o prêmio, é uma baita lição de história sobre futebol, produzida pelo baita jornalista Lúcio de Castro, da ESPN Brasil!