sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Imagem de vidro



Em outubro de 2012, o mundo esportivo ficou chocado quando a União Ciclística Internacional (UCI) baniu o americano Lance Armstrong definitivamente do esporte após constatar que ele era um dos articuladores de um esquema de doping. Além de ser proibido de praticar o ciclismo profissionalmente, o atleta perdeu os sete títulos da Volta da França e ainda corre o risco de perder a medalha de bronze olímpica, conquistada nos Jogos de Sidney, em 200.

Antes deste escândalo, Armstrong tinha todos os requisitos para ser um eterno ídolo do esporte. Afinal, o supercampeão tinha mostrado parte de sua humanidade ao vencer um agressivo câncer, que lhe dava apenas 40% de sobrevivência.

Atleta tenta o perdão da opinião pública

Vencida a luta contra a doença, o ciclista voltou às pistas e conquistou os principais prêmios da categoria. Sua imagem inabalável foi emprestada para diversas marcas que queriam em suas ações publicitárias a imagem vencedora do campeão.

As suspeitas sobre doping começaram a pairar sobre o ciclista em 2005, mas a imagem do atleta que venceu o câncer e voltou ao esporte eram mais forte que as denúncias e Armstrong foi inocentado pela Agência Mundial Anti-Doping (WADA).

Entretanto, em 2001 novas acusações, agora de colegas da equipe do ciclista levaram a nova investigação e, por fim, foi provado que Armstrong, o ídolo, era falível enquanto humano.
Não é preciso dizer que o atleta caiu em ruína! Perdeu patrocinadores, títulos e, algo maior que tudo, a confiança dos fãs.

Sem recorrer da condenação da WADA, Armstrong aceitou a punição se manteve em silêncio, como que consentindo que tudo aquilo que falavam sobre ele fosse a mais pura verdade.

Na próxima quinta-feira (17), o ciclista falará pela primeira vez no programa de Oprah Winfrey, apelando para o poder de comunicação e influência da apresentadora, uma vez que analistas garantem que ele vai admitir o uso de substâncias ilegais, buscando assim conseguir o perdão necessário para voltar a competir.

Isso até pode acontecer, embora seja muito difícil. Entretanto, fica a questão: tratar Armstrong como um herói não teria ajudado o homem a errar? Afinal, quando as primeiras suspeitas foram levantadas contra o atleta, a opinião pública o defendeu. Agora, o achincalha como vilão!

Nós, da mídia, precisamos de uma vez por todas nos responsabilizarmos pela parcela de culpa neste endeusamento constante de figuras humanas. Temos que reverenciar conquistas, feitos e a beleza do esporte, sem nos esquecermos de que, por trás dos ídolos há homens e mulheres falíveis. Afinal, se fôssemos todos perfeitos, não teríamos que fazer autocrítica, certo?


P.S. Para a blogueira, o ciclista é culpado pelo doping, fato! Mas tudo poderia ter vindo a público bem antes, não fosse parte da mídia.

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