sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Esporte e política, tudo a ver!




Ultimamente, tenho ouvido muito a frase ‘das coisas menos importantes, o futebol é a mais importante’. Não sei quem é o autor da frase, mas de certa forma discordo desta afirmação, não só com relação ao futebol, mas sobre o esporte em sim.

Para muitos, futebol e religião são o ópio do povo e servem somente para amenizar coisas sérias. Essa história não é bem assim. Esporte e política estão bem mais ligados do muita gente imagina.

Vou citar apenas quatro de casos que demonstram o quanto isso é verdade. E aí, você que está do outro lado da tela, pode tirar suas próprias conclusões.

A maioria – e eu também – não havia nascido em 1968, mas é fato que todos sabemos que o chamado ‘ano que não terminou’ foi repleto de atos políticos em todo o mundo. No Brasil, vivíamos o auge da ditadura militar e da perseguição aos militantes políticos opositores ao regime.

Lá no México, em meio aos Jogos Olímpicos, dois atletas negros norte-americanos foram protagonistas de uma das cenas mais marcantes de uma Olimpíada. Ao subirem ao pódio para receber as medalhas de ouro e bronze nos 200 metros livres, Tommie Smith e John Carlos, com luvas pretas, ergueram os punhos tal como a saudação dos Panteras Negras ( movimento fundado com a finalidade de patrulhar guetos negros, protegendo seus residentes dos atos de brutalidade da polícia). É possível dizer que um fato como este pode afirmar que política e esporte não têm relação?

E você, o que diria se soubesse que uma excursão do Santos de Pelé foi capaz de parar por alguns dias uma guerra civil no Congo Belga, em 1969? Pois é, o time de astros da Vila Belmiro, principalmente por causa de Pelé, foi responsável pelo cessar fogo durante a estadia dos brasileiros em solo africano.  É verdade que isso não mudou em nada o destino nas coisas no país, mas demonstra o poder do esporte em mobilizar as pessoas a ponto de parar uma guerra!

E se política e futebol não têm nada a ver, então por que o técnico João Saldanha, responsável por montar o timaço que garantiu o tri da Seleção Brasileira foi obrigado a deixar o cargo por ser apontado pelo presidente e ditador Emílio G. Médici como ‘notório comunista’? Ora, se bandeiras políticas não estão ligadas ao planeta bola, o que explicar isso?

E, por fim, como não saudar a experiência da Democracia Corinthiana que, no início da década de 1980, mostrou como uma gestão ‘democrática’ é capaz de levar um time a vencer e, de quebra, soltar o verbo contra a ditadura militar tendo seus principais líderes: Sócrates, Wladimir e cia. no palanque, ao lado do povo pedindo por Eleições Diretas?

Meus caros, se esporte e política não caminham lado a lado, como explicar fatos como esses? Tolos são aqueles que acreditam que o esporte não pode mobilizar grupos ou nações em outros aspectos!


P.S.1 . O que dizer do segundo gol de Liédson ontem contra o Mogi Mirim? Pareceu-me um outro lance, lá nos longíquos 1993, quando um menino vindo lá de Bento Ribeiro, vestiu o mando cruzeirense para começar a encantar o mundo...Sem comparar Ronaldo - um gênio - como Liédson, certamente muitos recordaram daquela cena diante da semelhança e inocência do goleiro.

P.S.2. Lindo o artigo ‘Não para, não para, não para’, de Mauro Beting hoje na página 36 do Lance! Uma homenagem merecida e tocante ao Fenômeno! Recomendo a leitura!

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