quarta-feira, 27 de julho de 2011

O tal do fair play




Nas últimas duas semanas discutiu-se muito sobre a questão do fair play. Quem levantou a bola sobre o tema foi o atacante palmeirense Kléber que criou polêmica ao avançar e chutae a gol em jogada na qual os adversários flamenguistas esperavam a devolução da bola após atendimento médico ao lateral-esquerdo  rubro-negro Junior Cesar.

Durante quase uma semana críticos, comentaristas, jogadores e ex-jogadores debateram sobre a a falta de fair play do Gladiador, afinal, na regra do futebol não menção sequer sobre a obrigatoriedade da devolução da bola ao adversário após um atendimento médico. 

Não estamos aqui defendendo a atitude do atacante palmeirense, até porque em qualquer prega-se o respeito ao adversário e atitudes cavalheirescas são sempre bem-vindas.

Bom, toda essa discussão perdeu o sentido na última segunda-feira quando o mundo da bola ficou boquiaberto com a agressão cometida pelo goleiro Gustavo, do Sport, no volante Elivéton, do Vasco, em partida válida pela Taça BH de Futebol Júnior. Com uma voadora dignada de MMA Gustavo mandou Elivélton para o hospital com uma contusão de coluna torácica e cervical.

A cena chocou. Afinal, o goleiro atravessa o campo e, do nada, acerta o adversário pelas costas de forma selvagem, longe de seguir qualquer preceito de fair play.

Choveram críticas ao garoto, tudo em nome do fair play. O Sport, envergonhado, anunciou o afastamento e demissão do rapaz devido o não-alinhamento de sua atitude com a imagem do clube. Mas será esta a atitude mais sensata?

Novamente, não defendemos aqui o ato grotesco e violento de Gustavo. Bem longe disso, acreditamos que o atleta deve ser punido pela atitude antidesportiva. 

Entretanto, acreditamos que o Sport não pode virar as costas para o jogador neste momento,principalmente porque fica mais do que claro que o rapaz precisa de ajuda psicológica. Afinal, ninguém age assim gratuitamente.

E isso levanta uma questão de grande importância: qual tipo de formação um time deve oferecer a um jogador preparando-o para o futuro? Será que esses jovens, em sua maioria de origem humilde, recebem suporte para lidar com essa nova vida ou com os problemas oriundos da pobreza? 

O clube deveria realmente punir o atleta, mas expulsá-lo do clube dessa forma pode agravar ainda mais o problema, fazendo com que ele se perca permanentemente no caminho sem volta da violência. Agora, depois das críticas, o Sport pensa em voltar atrás na demissão e promete dar apoio psicológico a Gustavo.

O fato é que não devemos apenas nos preocupar com o fair play – essência do esporte –, mas sim com o tipo de jogadores estamos formando. Será que, ao invés de gênios, estamos criando monstros? 

Há muito o que refletir!

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