sexta-feira, 15 de julho de 2011

A máfia do futebol

Os perigos que corremos de sediar a Copa do Mundo de 2014



A corrupção tem se alastrado mundo a fora. Cotidiana na política mundial – tendo papel mais importante em alguns países do que em outros – a corrupção ganha cada vez mais espaço no mundo dos esportes. 

Nos últimos meses, aqui no Brasil, especialmente em São Paulo, têm havido uma série de discussões sobre o orçamento da construção dos estádio da Copa 2014, que em pouco tempo, ultrapassou as cifras pré-determinadas quando o Brasil foi escolhido como sede.

A grande questão é a enormidade de dinheiro público aplicado para a construção de estádios de futebol, um item que deveria estar no fim da lista de prioridades de um país com tantos problemas sociais como o nosso.

O fato é que corremos o grande de risco de ter um Mundial nos mesmos padrões de problemas – e cometendo os mesmos erros – do último evento na África do Sul, em 2010.

Está certo que o futebol é a grande paixão nacional e que estádios de futebol sempre serão utilizados. Entretanto, temos que avaliar se os mesmos estão sendo construídos em pólos onde o futebol atua. De que adianta um estádio na Amazônia se nenhum time do estado figura na 2ª divisão do campeonato nacional, quiçá na 1ª divisão?

A politicagem e o dinheiro têm corrido soltos e corremos o risco de pagar bem caro – se é que já não estamos pagando – pela conta dos mandos e desmandos dos caciques do futebol nacional e mundial.

Basta lembrar que há pouco mais de um mês houve um escândalo envolvendo o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que levou para a lama – e não por acaso – outros aliados como Ricardo Teixeira, presidente da CBF.

Não podemos – e não devemos – ser inocentes e acreditar que Ricardo Teixeira foi envolvido nesta história de gaiato. Pupilo de João Havelange e bastante ligado a Blatter, o manda-chuva do futebol brasileiro está envolvido até o último fio de cabelo no escândalo no escândalo da negociação de venda de votos na escolha da sede do Mundial de 2018.

Segundo acusações do ex-presidente da Associação Inglesa de Futebol (FA), David Triesman, membros do comitê executivo –  Ricardo Teixeira, Jack Warner, Nicolás Leoz e Worawi Makudi – pediram favores em troca de votos na candidatura da Inglaterra para sediar a Copa de 2018. E não para por aí, é o que revela o livro JOGO SUJO – O mundo secreto da Fifa: compra de votos e escândalos de ingressos, do renomado jornalista britânico Andrew Jennings, lançado agora em português, pela Panda Books.

 

A obra, baseada em documentos, desvenda o lado sujo do maior esporte mundial. As revelações de Jennings causaram tanto impacto que a Fifa tentou a todo custo embargar a edição do livro. E pasmem, a instituição que prega o fair play simplesmente proibiu o jornalista de participar de qualquer evento oficial da Fifa. 

Jennings foi banido pela entidade que "cuida do futebol" porque apurou que Joseph Blatter tem ligações no mínimo suspeitas com os patrocinadores da Fifa e empresas ligadas a comercialização de ingressos nas Copas do Mundo. Além disso, revelou como é a relação entre o mandatário suíço e o seu antecessor – João Havelange – e também com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Para nossa sorte, a edição brasileira vem com informações mais atualizadas que versão original e dá um panorama do que ocorre nos corredores da CBF.

Em entrevista à ESPN Brasil, em 9 de julho, reprisada ontem à noite, o jornalista comentou que a Copa de 2014, corre sérios riscos de a versão 2.0 do mundial da África e recomenda: os brasileiros não podem deixar nas mãos de Ricardo Teixeira a administração do Mundial, pois corremos grandes riscos de ver o dinheiro público fluir para os cofres dos mafiosos do futebol. Dá medo, não?!

Conheça melhor Andrew Jennings
Repórter investigativo há mais de 30 anos, cineasta, consultor e comentarista. Trabalhou nos jornais britânicos The Sunday Times e Daily Mail, na BBC, além de contribuir em diversas publicações. 

É autor de documentários e livros sobre corrupção nos esportes. Tornou-se no mundo todo como o “único profissional de imprensa banido das coletivas da Fifa”. Traduzido para mais de 12 línguas, Jogo sujo [Foul!] foi transformado em documentário da BBC e exibido em todo o mundo. 

Conheça melhor o trabalho de Andrew Jennings em seu site: www.transparencyinsport.org

Ah, e se quiser assistir ótima entrevista do jornalista à ESPN Brasil para o programa Bola da Vez,  acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=3JOwnw6o7AI

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