Num país com tantas desigualdades sociais como o Brasil, sair de uma condição de pobreza para um mundo de fama, sucesso e dinheiro enche os olhos de milhões de meninos e meninas que sonham se tornar jogadores de futebol.
Os mais inteligentes sabem e enxergam a importância do papel do esporte para diminuir a distância entre a periferia e o mundo.
Entretanto, os poucos que conseguem pular o muro da miséria e entram em campo mostrando talento e capacidade, logo adentram num universo que oferece caminhos bem distintos.
O primeiro desses caminhos é aquele onde a humildade prevalece e, mesmo com êxitos e dinheiro fácil, o atleta mantém os pés no chão e brilha sendo idolatrado por deixar de ser um vira-latas sem perder o norte de sua vida.
O segundo é aquele onde fama e sucesso sobem à cabeça, levando aquele(a) menino(a) ao paraíso, onde tudo é fácil e possível com um simples abrir da carteira. E aí, perde-se o rumo e, em pouco tempo, cai em desgraça por culpa da falta de humildade.
Já vimos este filme diversas vezes, não é mesmo? E, certamente lembraram de diversos exemplos de atletas que tomaram ambos os caminhos. Só para pontuar: Ronaldo Nazário seguiu o primeiro caminho, enquanto Adriano vem trilhando o segundo.
E fica a pergunta: o que diferencia um do outro? Pouca coisa, já que ambos vêm de origem humilde, brilharam por mérito e talento próprios, ganharam dinheiro jogando bola...A única e mais importante diferença é que Ronaldo teve uma ótima estrutura (familiar e profissional) que o levaram a ser o ídolo recém-aposentado; enquanto Adriano afunda na falta de respaldo, entregando-se a vícios e perdendo suas virtudes. E de quem é a culpa disso?
Ora, tudo começa no clube que revela esses garotos. Será que já passou pela cabeça de alguém que jovens com esse salto social necessitam de um apoio emocional para lidar com a fama, o dinheiro e o sucesso?
Certamente nada disso foi pensando pelos dirigentes, empresários e sanguessugas que rodeiam esses atletas. Assim, cabe a nós, torcedores e cidadãos, cobrar de nossos clubes de coração uma condição melhor para tudo isso. Afinal, será mais saudável e bonito ver craques brilharem nas manchetes de jornais por gols sensacionais e não por escândalos...
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