domingo, 4 de dezembro de 2011

Um adeus, de punhos cerrados.



Hoje a maior torcida do Brasil vive um dia contraditório: a alegria que estar perto do quinto campeonato nacional e o luto pela partida de um dos maiores ídolos da Nação corinthiana: Dr. Sócrates. 

Diferente de toda a boleirada, Sócrates começou a carreira tardiamente. Primeiro formou-se médico e, só depois, dedicou-se ao futebol. E foi brilhante.

Com rara inteligência e classe, Sócrates fez história no Corinthians por seus passes de calcanhar, mas também por ter levado às fileiras do clube mais popular do país a democracia.

Líder do mais importante movimento político do futebol, a Democracia Corinthiana, Sócrates implantou no meio mais atrasado em questões de igualdade – o futebol –  a importância da democracia em campo. E deu certo! 

Enquanto toda imprensa condenava Sócrates e seus companheiros pelas mudanças implantada com a tal democracia futebolística, ele mostrou em campo que aquilo era possível, conquistando títulos.

Participou de duas copas do mundo – 1982 e 1986 – e fez história ao fazer parte da mais amada Seleção Brasileira de todos os tempos, a de Telê em 1982.

Politizado, Sócrates defendeu o movimento pelas Diretas Já e prometeu: se a emenda Dante de Oliveira não fosse aprovada – possibilitando eleições diretas para presidente da República – iria embora do país. E assim o fez, quando mais uma vez a democracia foi usurpada em nosso país. 

Magrão foi brilhar na Fiorentina da Itália. Voltou ao país e ainda vestiu as camisas de Flamengo, Santos e Botafogo de Ribeirão Preto. No entanto, nunca mais deixou de ser corinthiano.

Ao chegar no Parque São Jorge, em 1978, afirmou ser anticorinthiano, mas depois se rendeu à Fiel torcida. E disse o seguinte, em entrevista a Juca Kfouri no livro Corinthians Paixão e Glória:



Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que não era corinthiano, que era até anticorinthiano. Hoje, com a carreira encerrada, digo com a mesma tranqüilidade que sou corinthiano até morrer. Eu, que sempre digo que não mudaria nada em minha carreira, se pudesse começar tudo outra vez, talvez, na verdade, mudasse uma coisa, algo totalmente inviável, mas enfim: se pudesse, eu gostaria de ter nascido no Parque São Jorge. Porque a torcida faz isso com você. Já vi moleque mudar de time só com a visão do que a torcida corinthiana é capaz de fazer num estádio.

Amado pelos alvinegros, Doutor se vai cedo, deixando a torcida dividida entre a dor da perda e a alegria por Sócrates ter vestido seu manto sagrado. No Corinthians é assim, emoções e sentimentos misturados até o fim!
 
Adeus craque! #ObrigadaSócrates

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