Desde que o futebol se popularizou no mundo levando a campo
atletas de todas as classes sociais, especialmente aqueles dos níveis mais
baixos, criou-se a máxima de que o jogador não tem cultura, não sabe falar e,
muito menos escrever.
A mídia que sempre vendeu esta imagem muitas vezes quebra a
cara quando percebe que, ao deixar os campos, muitos dos ‘analfabetos’ letrados em bola conseguem ter
sucesso como políticos, escritores ou comentaristas. Vide o exemplo de Romário
como deputado, de Falcão como comentarista de TV e Tostão como cronista de
jornal, só para citar alguns.
Zagueiro corintiano se destaca na literatura também |
Entretanto, como tudo muda e ‘toda unanimidade é burra’,
como diria Nelson Rodrigues nos surpreendemos quando boleiros mostram que são
mais que peões da bola.
O zagueiro Paulo André, do Corinthians, é um bom exemplo
disso. Culto, difere a imagem imposta pela imprensa, e conseguiu sucesso também
fora das quatro linhas ao lançar no ano passado o livro “O jogo da minha vida”,
uma obra que traz ao leitor e fã de futebol uma visão sobre a dura caminhada
dos jovens rumos a um lugar ao sol no competitivo mundo da bola.
Além de bem escrito, o Paulo André escritor apresenta uma
linguagem fácil e interessante, tornando a leitura prazerosa e esclarecedora, desmitificando
a ideia do luxo que rodeia a vida dos grandes astros dos gramados. Não é fácil
chegar a um grande clube. É preciso comer muita poeira e ralar muito para
chegar até lá, driblando as adversidades e o desânimo, deixando pelo caminho
alguns futuros Ronaldos, Pelés e Garrinchas.
Passado um ano, Paulo André surpreende novamente ao relatar
em seu blog e na edição de janeiro da revista da ESPN, no texto "Cartas de Yokohama", os bastidores do Mundial
de Clubes da Fifa com uma riqueza de detalhes que leva o torcedor de volta
àqueles dias de tensão, alegria e felicidade.
Mesmo sem ser torcedor do Corinthians, campeão do mundo, não
há como não se envolver no texto delicado e emocionante do boleiro que virou
escritor. Se Paulo André pensa no que
fazer quando deixar os campos, pode ser que as letras o levem a uma nova
aventura (junto com a pintura, sua outra paixão). Leia o texto "Cartas de Yokohama" aqui.
P.S. A blogueira confessa que chorou ao ler o texto nas três vezes!
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