O fim do domingo deveria ser um dia feliz. A gente volta do estádio satisfeito em ver nosso time jogar – mesmo que tenha perdido. Afinal, torcedor adora aquela conversa pós-jogo para cornetar ou elogiar um craque.
No entanto, a coisa não foi assim para o santista Márcio Barreto de Toledo, 34 anos, pai de bebê de cinco meses. Enquanto aguardava um ônibus para voltar para casa após mais um San-São, foi tocaiado por 15 são-paulinos que tiraram sua vida sob paus, pedras, socos, pontapés e barras de ferro.
Ao longo dos meus 23 anos de arquibancada – comecei a frequentar estádios aos 11 anos – canso de ler notícias como esta. E fico indignada.
Márcio perdeu a vida e deixa um filho de cinco meses |
Sim, a morte de qualquer torcedor me comove, porque obviamente penso que a próxima pode ser eu. Afinal, frequento clássicos, não tenho medo (nem vergonha) de andar com a camisa do meu time por aí. E depois de cenas como esta fico pensando o quanto tem sido perigoso torcer para um time no Brasil.
Aquela coisa linda da paixão por um clube tem se transformado em motivo para matar. E pra quê? Será que somos incapazes de conviver com as diferenças? Nessas horas lembro de um trecho de um dos poemas mais lindos de Carlos Drummond de Andrade:
"Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco".
É assim que me sinto. E imagino que outras pessoas que amam o futebol devem se sentir também. Infelizmente, aqueles seres violentos e que vão para as arquibancadas só para arranjar confusão estão dominando o espaço da diversidade, da paixão e da alegria, transformando o futebol numa coisa triste.
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco".
É assim que me sinto. E imagino que outras pessoas que amam o futebol devem se sentir também. Infelizmente, aqueles seres violentos e que vão para as arquibancadas só para arranjar confusão estão dominando o espaço da diversidade, da paixão e da alegria, transformando o futebol numa coisa triste.
Essas barras de ferro tiraram a vida do torcedor |
Amo meu time como se ele fosse uma pessoa querida da família, mas fico pensando se vale a pena morrer por ele. Afinal, a vida de Márcio foi perdida em vão. O máximo que vai acontecer é o Santos lamentar a morte do torcedor com um minuto de silêncio. Os 15 caras que o mataram seguirão impunes e levando a violência estádios afora. O campeonato não vai parar. A bola vai continuar rolando...enquanto o medo se instaura em nossos corações.
P.S. Minha solidariedade à família de Márcio e aos santistas de todo Brasil. Essa impunidade tem de acabar!
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