sexta-feira, 8 de março de 2013

Uma vaia à impunidade!


Vivemos num país de estereótipos. Mulher que gosta de futebol ou é “maria chuteira” ou é “sapatão”. Pode isso, Arnaldo?! Claro que não!

Não existe regra, norma ou lei que proíba ou impeça que mulheres, como eu, amem o esporte tanto quanto meus amigos do sexo masculino. E sim, entendemos tanto de futebol quanto vocês e, em alguns casos, um pouco mais, pois observadoras, conseguimos ver atrás das entrelinhas fatos que passariam batidos. É o tal do faro feminino.

Lágrimas de crocodilo!
Mas este texto não é uma defesa da presença feminina nas redações de esporte ou na prática do futebol.  O preconceito ainda existe, mas somos valentes o suficiente para passar por cima de tudo isso com o tempo.

Na verdade, no Dia Internacional da Mulher, faço uma reflexão sobre a condenação do ex-goleiro Bruno Fernandes a 22 anos e três meses de prisão, acusado de ser o mandante da morte de Elisa Samudio.

Não é a primeira vez que uma atleta se envolve num crime de morte. O.J. Simpson matou a esposa, Oscar Pistorius a namorada e Bruno a amante. As histórias dos três têm enredos diferentes, mas no fim das contas, são bem semelhantes num aspectos: todos imaginaram que a fama no esporte poderia servir como escudo para a Justiça.

Azar dessas mulheres que morreram vítimas da violência doméstica, tão comum ainda no mundo e no Brasil.

Sabemos que existem, existiram e sempre existirão as chamadas “marias chuteiras”. E se pensarmos, é comum que jovens se apaixonem por seus ídolos ou se envolvam por eles por causa de dinheiro, como parece ser o caso de Elisa Samudio.

O que não dá pra aceitar é que pessoas ligadas a grandes clubes ou mesmo estrelas do esporte, achem que sua fama é maior que a Justiça e as leis.

Fico pensando que, se não teria saído mais barato e honroso a Bruno pagar a pensão ao filho que tinha com Elisa. Ele não tinha um salário baixo no Flamengo. E, perto de tantos brasileiros, tinha o suficiente para criar um bebê que tem seu próprio sangue.

Ao contrário disso, decidiu “eliminar” o problema, como se Elisa fosse um inseto que estivesse incomodando. E pode ser que estivesse mesmo. Mas não estaria ela buscando um direito de seu filho?

Talvez nunca saibamos o que se passaram nos dias em que Elisa foi sequestrada e morta. Só não consigo esquecer a cara de pau de Bruno negando tudo, com uma frieza de congelar o deserto do Saara.

Pior disso tudo é saber que, apesar da pena, em três anos ele estará em liberdade, como se a vida de uma mulher estivesse acima de seu posto como goleiro do Flamengo. Mas, mais cruel ainda é saber que dois pequenos clubes de Minas Gerais – Boa Esporte e Guarani-MG - fizeram propostas para contratá-lo assim que sair da cadeia.

Será que não passa na cabeça desses dirigentes que estão contratando alguém perigoso? Que ao menos sinal de ameaça elimina seja quem for?

Não sei se Elisa era boa moça ou se estava chantageando ex-goleiro. O que sei é que mais uma mulher foi vítima de um esportista que pensou que ser maior que a lei. Por pior que fosse, Elisa não merecia a morte cruel a qual foi submetida, da mesma forma que Bruno não merece voltar ao futebol como se nada tivesse acontecido.

No esntanto, no país da impunidade, tudo pode acontecer. Mas me indignar como tudo isso ainda é meu direito como mulher e cidadã, certo?!


P.S. Um viva às mulheres pioneiras que adentraram aos gramados para cobrir futebol. Vocês são meu exemplo!

Um comentário:

  1. "Quem nunca saiu no tapa com uma mulher?" (by Bruno, detalhe, isso foi dito num dia internacional da mulher)

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