Quem tem mais de 30 anos e gosta de esportes, certamente,
ficou encantado com a vitória de Aurélio Miguel nos Jogos Olímpicos de Seul, em
1988. Eu tinha quase 9 anos de idade e, como apaixonada pelo espírito olímpico,
acompanhei a competição e chorei quando o brasileiro subiu ao pódio para
receber o ouro.
Depois acompanhei bastante a carreira do judoca. Era o
principal representante do Brasil nos tatames e tinha um quê daquele herói que
toda criança adora ter, embora meu ídolo máximo nesta época fosse o
incomparável Ayrton Senna.
Ex-judoca e agora vereador é acusado de receber propina |
Nos Jogos de Barcelona, em 1992, Aurélio não avançou às
finais e meu coração foi tomado de amor profundo pela Seleção Masculina de
Vôlei não pela beleza dos jogadores, mas, principalmente, pelo espírito de luta
do time de José Roberto Guimarães. E olha que o Rogério Sampaio ganhou um ouro
emocionante naquela olimpíada, sem contar a prata chorada, quase perdida por um
erro da organização, do Gustavo Borges.
Mas não pensem que deixei de acompanhar Aurélio Miguel.
Sabia que em Atlanta, em 1996, a história seria outra. Confiava no espírito
guerreiro dele e foi uma Olimpíada mágica, pois era a última de Oscar, Paula e
Hortência – meus ídolos do basquete – mas a primeira de atletas que tinham tudo
para brilhar pelo Brasil.
E fui feliz nesses jogos.
Aurélio subiu ao pódio e levou o bronze, encerrando sua participação em
Olimpíadas de forma honrada.
Conheci pessoalmente o judoca num evento em 2004, no Parque
da Independência, em São Paulo. Pedi um autógrafo, disse que torci muito por
ele, mas fui tratada com frieza. Nessa época ele já estava ligado à política e
parecia não gostar de ser um ídolo, talvez almejasse ser um líder político, vai
entender.
Decepções à parte, continuei acompanhando sua trajetória de
longe, já com olhos mais agudos. E, aos poucos, fui percebendo que aquela garra
de campeão era usada para outros fins.
E não é que hoje (6/2) acordo com a notícia de que ele,
agora vereador, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por
suspeita de receber propina para liberar obras irregulares num shopping da
capital? E é triste dizer que não é surpresa!
Há tempos notícias ligadas à corrupção rondam o ex-campeão
olímpico. Agora, ele terá que explicar como seu patrimônio cresceu durante seu
mandato e ainda desmentir a denúncia do MP.
Não vou cravar que Aurélio é corrupto, pois parto do
princípio que todos têm direito à defesa e, cabe aos órgãos competentes julgar
se ele está envolvido ou não em falcatruas. Mas revelo que parte da admiração
se foi. Diferente acontece quando vejo Romário liderando uma ‘revolta’ com
relação à corrupção na política e no esporte.
Acho que os exemplos mostram que nem tudo o que vemos
representa a verdade. Romário, que sempre teve fama de rebelde e malandro é um dos deputados mais
assíduos e além de botar a boca no trombone com relação às irregularidades na
preparação da Copa e das Olimpíadas, tem feito ótimos projetos para o povo
brasileiro, dando um tapa com luva de pelica na cara de quem duvidou de seu
potencial política.
E, o Aurélio Miguel, que era um exemplo de bom moço e de
ídolo nacional vai no caminho oposto. É, amigos, as aparências enganam...e
decepcionam!
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