quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

De herói olímpico a vilão da corrupção


Quem tem mais de 30 anos e gosta de esportes, certamente, ficou encantado com a vitória de Aurélio Miguel nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Eu tinha quase 9 anos de idade e, como apaixonada pelo espírito olímpico, acompanhei a competição e chorei quando o brasileiro subiu ao pódio para receber o ouro.

Depois acompanhei bastante a carreira do judoca. Era o principal representante do Brasil nos tatames e tinha um quê daquele herói que toda criança adora ter, embora meu ídolo máximo nesta época fosse o incomparável Ayrton Senna.

Ex-judoca e agora vereador é acusado de receber propina

Nos Jogos de Barcelona, em 1992, Aurélio não avançou às finais e meu coração foi tomado de amor profundo pela Seleção Masculina de Vôlei não pela beleza dos jogadores, mas, principalmente, pelo espírito de luta do time de José Roberto Guimarães. E olha que o Rogério Sampaio ganhou um ouro emocionante naquela olimpíada, sem contar a prata chorada, quase perdida por um erro da organização, do Gustavo Borges.

Mas não pensem que deixei de acompanhar Aurélio Miguel. Sabia que em Atlanta, em 1996, a história seria outra. Confiava no espírito guerreiro dele e foi uma Olimpíada mágica, pois era a última de Oscar, Paula e Hortência – meus ídolos do basquete – mas a primeira de atletas que tinham tudo para brilhar pelo Brasil.

E fui feliz nesses jogos.  Aurélio subiu ao pódio e levou o bronze, encerrando sua participação em Olimpíadas de forma honrada.

Conheci pessoalmente o judoca num evento em 2004, no Parque da Independência, em São Paulo. Pedi um autógrafo, disse que torci muito por ele, mas fui tratada com frieza. Nessa época ele já estava ligado à política e parecia não gostar de ser um ídolo, talvez almejasse ser um líder político, vai entender.

Decepções à parte, continuei acompanhando sua trajetória de longe, já com olhos mais agudos. E, aos poucos, fui percebendo que aquela garra de campeão era usada para outros fins.

E não é que hoje (6/2) acordo com a notícia de que ele, agora vereador, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de receber propina para liberar obras irregulares num shopping da capital? E é triste dizer que não é surpresa!

Há tempos notícias ligadas à corrupção rondam o ex-campeão olímpico. Agora, ele terá que explicar como seu patrimônio cresceu durante seu mandato e ainda desmentir a denúncia do MP.

Não vou cravar que Aurélio é corrupto, pois parto do princípio que todos têm direito à defesa e, cabe aos órgãos competentes julgar se ele está envolvido ou não em falcatruas. Mas revelo que parte da admiração se foi. Diferente acontece quando vejo Romário liderando uma ‘revolta’ com relação à corrupção na política e no esporte.

Acho que os exemplos mostram que nem tudo o que vemos representa a verdade. Romário, que sempre teve fama  de rebelde e malandro é um dos deputados mais assíduos e além de botar a boca no trombone com relação às irregularidades na preparação da Copa e das Olimpíadas, tem feito ótimos projetos para o povo brasileiro, dando um tapa com luva de pelica na cara de quem duvidou de seu potencial política.

E, o Aurélio Miguel, que era um exemplo de bom moço e de ídolo nacional vai no caminho oposto. É, amigos, as aparências enganam...e decepcionam!

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