Só faz um ano que o Doutor Sócrates foi jogar em outros
campos, mas é inegável a falta que ele faz ao nosso futebol. Não dentro de
campo, pois lá fez tudo o que podia e mais um pouco, marcando para sempre a
história do Corinthians e da Seleção Brasileira.
Hoje, Sócrates faz falta do lado de fora dos gramados, onde
com suas opiniões contundentes e postura reta nos davam a esperança de que, num
futuro próximo, poderíamos sonhar com uma faxina no futebol brasileiro,
colocando para fora cartolas do naipe de Ricardo Teixeira, José Maria Marín – o
presidente da CBF que faz ‘gato’ na luz do vizinho -, entre tantos outros.
Jogadores de punhos erguidos em homenagem a Sócrates |
Lembro pouco de Sócrates com a camisa do Timão. As imagens
mais marcantes que tenho dele são da Copa de 1986. Apesar de ter quase 7 anos,
tenho até hoje gravada na memória as lembranças de nossa eliminação naquele
Mundial. Lembro que gostava de vê-lo comemorar os gols com pulso erguido... E
desconfio que, desde então, os genes esquerdistas tomavam conta com meu corpo
de criança.
Quando Sócrates foi internado pela primeira vez em 2011,
estive com Basílio e Zé Maria e eles me confessaram que, embora o Magrão
gostasse de beber, não imaginavam que a coisa estava tão séria. Ambos
demonstraram muita preocupação com ele. Ali eu soube que o fim estava próximo.
Mas devemos lembrar que Sócrates era forte e não se deixava
vencer com facilidade. Saiu do quadro crítico, anunciou que tinha parado de
beber e que iria se cuidar porque queria viver. E como ele queria.
Torcida acompanhou o gesto |
Meu espanto foi acordar no dia 4 de dezembro daquele ano com
a notícia de sua morte. Em 32 anos, naquele dia que eu poderia ver pela
primeira vez meu time se tornando campeão dentro do estádio. Faltavam algumas
horas para o pentacampeonato brasileiro.
Por ironia do destino, anos antes o próprio Sócrates tinha
decretado: 'Quero morrer num domingo e com o Corinthians campeão'. E assim foi.
Certamente,
muitos momentos dentro do estádio foram marcantes da minha vida: o primeiro
jogo, o primeiro clássico, o título da Libertadores, mas a cena da torcida e
dos jogadores em círculo no gramado com os punhos levantados gritando seu nome,
foi, com certeza, a imagem mais emocionante que vivi no futebol.
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