Vivemos num país de estereótipos. Mulher que gosta de
futebol ou é “maria chuteira” ou é “sapatão”. Pode isso, Arnaldo?! Claro que não!
Não existe regra, norma ou lei que proíba ou
impeça que mulheres, como eu, amem o esporte tanto quanto meus amigos do sexo
masculino. E sim, entendemos tanto de futebol quanto vocês e, em alguns casos,
um pouco mais, pois observadoras, conseguimos ver atrás das entrelinhas fatos
que passariam batidos. É o tal do faro feminino.
Lágrimas de crocodilo! |
Mas este texto não é uma defesa da presença feminina nas
redações de esporte ou na prática do futebol.
O preconceito ainda existe, mas somos valentes o suficiente para passar
por cima de tudo isso com o tempo.
Na verdade, no Dia Internacional da Mulher, faço uma
reflexão sobre a condenação do ex-goleiro Bruno Fernandes a 22 anos e três
meses de prisão, acusado de ser o mandante da morte de Elisa Samudio.
Não é a primeira vez que uma atleta se envolve num crime de
morte. O.J. Simpson matou a esposa, Oscar Pistorius a namorada e Bruno a
amante. As histórias dos três têm enredos diferentes, mas no fim das contas,
são bem semelhantes num aspectos: todos imaginaram que a fama no esporte
poderia servir como escudo para a Justiça.
Azar dessas mulheres que morreram vítimas da violência
doméstica, tão comum ainda no mundo e no Brasil.
Sabemos que existem, existiram e sempre existirão as
chamadas “marias chuteiras”. E se pensarmos, é comum que jovens se apaixonem
por seus ídolos ou se envolvam por eles por causa de dinheiro, como parece ser
o caso de Elisa Samudio.
O que não dá pra aceitar é que pessoas ligadas a grandes
clubes ou mesmo estrelas do esporte, achem que sua fama é maior que a Justiça e
as leis.
Fico pensando que, se não teria saído mais barato e honroso
a Bruno pagar a pensão ao filho que tinha com Elisa. Ele não tinha um salário
baixo no Flamengo. E, perto de tantos brasileiros, tinha o suficiente para
criar um bebê que tem seu próprio sangue.
Ao contrário disso, decidiu “eliminar” o problema, como se
Elisa fosse um inseto que estivesse incomodando. E pode ser que estivesse
mesmo. Mas não estaria ela buscando um direito de seu filho?
Talvez nunca saibamos o que se passaram nos dias em que
Elisa foi sequestrada e morta. Só não consigo esquecer a cara de pau de Bruno
negando tudo, com uma frieza de congelar o deserto do Saara.
Pior disso tudo é saber que, apesar da pena, em três anos
ele estará em liberdade, como se a vida de uma mulher estivesse acima de seu
posto como goleiro do Flamengo. Mas, mais cruel ainda é saber que dois pequenos
clubes de Minas Gerais – Boa Esporte e Guarani-MG - fizeram propostas para
contratá-lo assim que sair da cadeia.
Será que não passa na cabeça desses dirigentes que estão
contratando alguém perigoso? Que ao menos sinal de ameaça elimina seja quem
for?
Não sei se Elisa era boa moça ou se estava chantageando ex-goleiro. O que sei é que mais uma mulher foi vítima de um esportista que pensou
que ser maior que a lei. Por pior que fosse, Elisa não merecia a morte cruel a
qual foi submetida, da mesma forma que Bruno não merece voltar ao futebol como se nada tivesse
acontecido.
No esntanto, no país da impunidade, tudo pode acontecer. Mas me indignar
como tudo isso ainda é meu direito como mulher e cidadã, certo?!
P.S. Um viva às mulheres pioneiras que adentraram aos gramados para cobrir futebol. Vocês são meu exemplo!
"Quem nunca saiu no tapa com uma mulher?" (by Bruno, detalhe, isso foi dito num dia internacional da mulher)
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