Torcedores de plantão! O tempo passa, mas o assunto volta à pauta. Se há
15 dias discutíamos a violência nas arquibancadas e o papel das torcidas
organizadas nesses tumultos, após a noite da última quarta (6/3) voltamos à
baila do mesmo tema.
Não é por menos. Após a derrota do Palmeiras diante do Tigre, na Copa
Libertadores, membros da maior organizada alviverde sentiram-se no direito de,
em pleno aeroporto argentino, partir para cima dos jogadores, machucando inclusive
o goleiro Fernando Prass, que teve um corte na cabeça após ser atingido por um
copo arremessado por um “dito” torcedor palmeirense.
Goleiro saiu machucado da confusão |
Após as cenas de violência, três “elementos” foram presos. Mas será que
isso é o suficiente? De acordo com portal Lancenet, eles apenas serão ouvidos e
liberados, sem pagar pelo prejuízo físico e moral!
Por muitos anos, e até recentemente, confesso que fui a favor da
existência das torcidas organizadas, pois entendia que extingui-las pode não
dar em nada, já que poderiam ir ao estádio sem camisas ou símbolos, independentemente das proibições. Também sempre fui contra generalizações que, muitas vezes, tacham
determinado grupo pelos erros de alguns. Embora tenha sido proibida pelos meus
pais de fazer parte de uma das maiores torcidas organizadas do Corinthians – e agora
vejo como tinham razão nisso -, cheguei a ir duas vezes na quadra da tal
entidade e fui muito bem recebida. O clima era amistoso, muitas famílias,
jovens e até idosos, todos unidos pelo amor ao clube.
Acho até que o objetivo desses grupos sempre foi de paz e harmonia em
prol dessa paixão chamada futebol. Entretanto, no meio de grandes massas sempre
há aqueles que extrapolam. E agora pagamos o preço por isso.
Não creio que o modelo adotado pela Inglaterra para conter os hooligans
seria adequado ao Brasil. De certo modo, os preços dos ingressos já são
abusivos para a realidade do trabalhador brasileiro e sou contra a elitização
de algo tão popular. Mas, entendo que cabe ao Ministério Público, às entidades
de seguranças e aos próprios clubes encontrarem formas de punir os responsáveis
pela violência, coibindo de vez o medo do torcedor comum de frequentar os estádios.
Posso ser inocente, mas o ideal seria um cadastro nacional de torcedores
– como era proposto no estatuto do torcedor. Estariam neles todos os membros
das organizadas, dos programas de fidelidade e até o cidadão comum que vai de vez
em quando às arquibancadas. A proposta não é simples e nem barata. Demanda
tempo, dinheiro e, mais que tudo, vontade política.
Se o tal cadastro já existisse, ao ser pego infringindo a lei, o dito
torcedor – porque torcedor de verdade não mata, não agride e muito menos
destrói bens públicos e privados – seria banido do estádio, tendo de se
apresentar em horários e dias de jogos do seu time numa delegacia
especializada. Aí a generalizações acabariam. E a violência talvez.
No entanto, o que vejo é uma passividade de todos os envolvidos. O
assunto volta à tona, retomamos as mesmas discussões e nada é feito nesse sentido. Fico
me perguntando, tal qual na música do Gabriel O pensador, ‘até quando vamos
ficar sem fazer nada?’.
Até quando, hein?!
(*)
Trecho da música “Até quando?”, de Gabriel O Pensador, Tiago Mocotó e Itaal
Shur
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