Equipe do Vasco da Gama, campeã carioca em 1923. |
O preconceito racial sempre esteve latente nos gramados. Se hoje achamos um absurdo como Roberto Carlos e Neymar, serem ofendidos pela torcida por serem negros, imagina como era a situação na década de 20?
Pois hoje vamos voltar ao passado para relembrar um ato louvável do Clube de Regatas Vasco da Gama, que passou por cima do racismo e mostrou ao futebol nacional que quando a bola rola não há cor, raça ou credo que modifique a magia nos gramados.
Tudo começou quando o Vasco ascendeu à primeira divisão do futebol carioca, em 1923, e logo depois surpreendeu a todos vencendo o Botafogo por 3 x 1.
Até aí normal, futebol é uma caixinha de surpresas e todos têm chance de ganhar. Entretanto, a polêmica vitória não deu-se por conta do resultado em si, mas porque botafoguenses achavam inadmissível perder para um composto inteiramente por negros, trabalhadores e nordestinos.
Naquele período, a presença de negros no Vasco começava no gol com Nelson Conceição, e passava para a linha com Ceci e Nicolino, além de outros negros e mulatos. E isso era razão suficiente para que se iniciasse uma guerra das equipes cariocas contra o Vasco, acusado de ter um time de profissionais.
Como a tese não é comprovada, o campeonato segue, até que na terceira rodada do returno, o Flamengo vence por 3 a 2, com o árbitro (Carlito Rocha) anulando um gol legítimo do Vasco.
A luta dentro e fora de campo não foi capaz de derrubar a forte equipe do Vasco que, em 12 de agosto de 1923, conquistou o campeonato derrotando o São Cristóvão por 3 a 2.
Para Flamengo, Botafogo e Fluminense – então considerados clubes de "elite" – tornara-se insuportável ser derrotado por um time formado por negros e pobres e, pior, que nem estádio possuía. Choveram acusações contra o Vasco: ora o problema era a falta de profissionalismo, ora a alegação de que analfabetos não poderiam atuar. Para driblar os obstáculos extra-campo, o Vasco pagava professores para ensinar seus jogadores assinarem as súmulas das partidas.
No ano seguinte, Botafogo, Flamengo, Fluminense e alguns outros clubes se uniram e abandonaram a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), fundando a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). A ideia era deixar o indesejado Vasco, ou seja, time de negros, fora do caminho.
A tática era simples: para fazer parte da AMEA, bastava o Vasco seguir a condição de dispensar doze de seus atletas (todos negros) sob a acusação de que teriam "profissão duvidosa".
Diante da situação imposta, o presidente do clube, José Augusto Prestes, enviou uma carta à AMEA, conhecida como a "resposta histórica", recusando a submeter-se à condição imposta, desistindo de filiar-se à AMEA.
Permanecendo na LMDT, o Vasco conquistou o bicampeonato de forma invicta. Somente em 1925, o Vasco filiou-se à AMEA, que cedeu à intervenção de Carlito Rocha – ex-árbitro e agora presidente do Botafogo – e passou a aceitar negros no futebol.
Naquela época, o Vasco entendia que o racismo era pequeno demais para destruir a magia do futebol. E, para nossa sorte essa atitude garantiu que pudéssemos ver craques negros ou mulatos como Pelé, Garrincha, Romário e Ronaldo Fenômemo brilhando em nossos gramados.
Essa semana, para relembrar esta atitude contra o preconceito, o Vasco e a sua patrocinadora, a Penalty lançaram a campanha a "Eu Abro Mão do Preconceito". Os torcedores podem participar curtindo a Fan Page de Penalty (http://www.facebook.com/PenaltyBR) e seguindo as instruções para fotografar sua mão aberta. Depois de completar o cadastro, basta torcer para ser um dos 1923 sortudos que terão a mão impressa nos muros de São Januário.
A favor da inclusão e dizendo não ao preconceito, seja de raça, gênero, cor etc. eu APOIO esta campanha! E parabenizo o Vasco pela atitude e a Penalty pelo resgate histórico!
Quem quiser acompanhar, acesse o filme da campanha no YouTube: http://www.facebook.com/PenaltyBR, eu recomendo!
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